Grupo de Trabajo: "Técnicas Corporales, performances e identidades ", VII Reunión de Antropología del Mercosur, Porto Alegre, Brasil, 23-26 de Julio de 2007. Coordinación: Dra. Silvia Citro y Dr. José Bizerril.

TRABAJOS SELECCIONADOS

DÍA 24 DE JULIO

Tema a): cuerpo, perfomance y teatro

1. Magdalena Sohpia Ribeiro de Toledo (UFSC – Florianópolis – Santa Catarina – Brasil), madatoledo(a)yahoo.com.br.

“A construção do “atuador” no grupo teatral “Ói Nóis Aqui Traveiz” da cidade de Porto Alegre”

“Ói Nóis Aqui Traveiz” é um grupo teatral da cidade de Porto Alegre (RS) formado em 1978. Uma de suas principais características é a definição de seus integrantes como “atuadores”, denominação que contrasta com a de “ator”, esta última ligada à noção de máscara, de representação de um personagem. A noção de “atuador”, ao contrário, ressalta a dimensão da experiência vivida, no caso, através de uma relação com o grupo e com a montagem de espetáculos que privilegia a criação coletiva como modo de formação desse atuador. Quanto à construção de personagens, o grupo privilegiou sempre um processo físico que envolvesse a elaboração de seqüências de ações a partir de gestos não-cotidianos, ou seja, uma busca por “técnicas corporais” que conduzissem primeiramente a um “descondicionamento” de gestos aprendidos culturalmente, a fim de levar para a cena seqüências de gestos que se propõem como significantes em aberto. Assim, à luz de autores como Mauss, Csordas, Dumont, Turner e Schechner, busco uma compreensão das práticas desses atuadores na elaboração de personagens, em sua relação com o grupo e com a montagem dos espetáculos. A pesquisa de campo desenvolveu-se no primeiro semestre de 2006, durante temporada do espetáculo “Kassandra in Process”, e envolveu a participação da pesquisadora no acompanhamento dos ensaios, bastidores e apresentações, além de entrevistas com os quinze integrantes que fazem parte da montagem. Esta proposta visa a discussão dos resultados da pesquisa de mestrado que se encontra em fase de conclusão, e busca evocar a construção deste “atuador” em sua vivência cotidiana, através do processo coletivo de montagem de uma peça (a construção do cenário, dos figurinos, dos personagens, o processo de escrita coletiva do texto e de direção coletiva de cenas), além das interpretações particulares da experiência dos participantes nesse processo.

2. Santiago Canevaro (CONICET-CEIL-PIETTE, Argentina) sancanevaro(a)yahoo.com.ar

“Cuerpo, migración y teatro. Movilidad identitaria de jóvenes migrantes en Buenos Aires”.

Este artículo se propone analizar las experiencias de reflexividad corporizada que se manifestaron en la experiencia de un Taller de Improvisación Teatral que se les propuso realizar a un grupo de jóvenes peruanos. Este ámbito de indagación y exploración socio-antropológica constituye un espacio inédito central y poco explorado para comprender los sentidos sobre la cultura que tienen los migrantes peruanos en el contexto migratorio argentino. Asimismo, con esta técnica se busca explorar en las expresiones menos verbales y más expresivas, corporizadas, teatrales y contextuales que pueden generarse en un ambiente de experimentación teatral. Este contexto nos permite examinar la tensión que se produce entre grupos que producen identificaciones diferentes y, por lo tanto, construyen códigos comunicacionales superpuestos con modos de posicionamiento distintos en la sociedad, que se relacionan y comunican produciendo conflictos, negociaciones, acuerdos e innumerables “malos entendidos” (Grimson, 1999). Allí, el rol constitutivo de la audiencia (argentina y peruana) en las representaciones se transforma en un elemento que influye en las formas de marcación, desmarcación étnica y en los propios “guiones sociales” que los sujetos deciden y pueden finalmente exhibir en una experiencia de este tipo. En este sentido, la representación teatralizada de Radio Perú marca una transformación que coloca a los jóvenes en una situación compartida: la de ser inmigrantes peruanos en Buenos Aires. En este sentido, las prácticas acontecidas en esta experiencia no sólo nos permitieron comprender las prácticas y estrategias que jóvenes peruanos utilizan para enfrentar a su identidad estigmatizada y las diferentes preocupaciones que estos jóvenes tienen en su situación migratoria, sino también encontrar en estas prácticas y representaciones una forma de constituir un imaginario de la nación peruana en Argentina.

Tema b): Danzas y otras técnicas corporales

3. Ana Sabrina Mora (CONICET- UNLP- UNTREF, Argentina) sabrimora(a)gmail.com, sabrimora(a)yahoo.com.ar

“El campo de la danza académica y las prácticas y representaciones corporales de las bailarinas y bailarines: un abordaje desde la perspectiva analítica de Pierre Bourdieu”

La Escuela de Danzas Clásicas de La Plata es una institución dependiente de la Dirección General de Cultura y Educación del gobierno de la Provincia de Buenos Aires (Argentina). Allí se cursan tres carreras de profesorado: en danza clásica, en danza contemporánea y en danza – expresión corporal. En esta institución he desarrollado un trabajo etnográfico consistente en observaciones en distintos contextos (clases prácticas y teóricas de las distintas carreras, camarines, espacios de uso común, ensayos), entrevistas semi-estructuradas a alumnas y a profesoras, y entrevistas grupales con alumnas representantes de las distintas carreras. Entendiendo con Pierre Bourdieu que toda práctica social puede analizarse como la resultante de la relación entre las estructuras objetivas externas y las estructuras objetivas internalizadas, es decir, que toda práctica remite a la posición que ocupa cada agente en su campo de pertenencia y al habitus que ha incorporado, utilizaré la perspectiva analítica del autor mencionado para abordar los procesos de formación de bailarinas y bailarines (que es a la vez formación de profesoras y profesores en danza) y los usos, experiencias e imaginarios corporales que los atraviesan. Las cuestiones que analizaré son las siguientes: la estructura de la institución; su lugar dentro de contextos más amplios; las luchas y conflictos internos; los sistemas de posiciones, jerarquías y grupalidades; los mecanismos y las trayectorias de formación de bailarinas y bailarines; las técnicas, usos, experiencias e imaginarios acerca del cuerpo y del movimiento. Todos estos aspectos permitirán a su vez comprender la producción de identidades y de subjetividades, asociadas a los procesos de construcción de los cuerpos.

4. Tania Cristina Costa Ribeiro (UFMA, São Luís, MA –BRASIL) tcgassen(a)ufma.br

“Sociabilidades pela dança: corpo e incorporação de habitus”

O estudo aborda a temática do corpo, dança e sociabilidades, a partir da reflexão sobre a experiência no trabalho de campo. O exercício resulta da articulação entre a experiência vivida de bailarina, coreógrafa e professora de práticas corporais e do exercício posterior de investigação, como os grupos e companhias de dança em São Luís – MA exercem certa “domesticação” sobre os corpos. Considerando a dança como uma atividade eminentemente prática, acredita-se que ela constrói posturas, gestos e comportamentos, resultantes da incorporação do habitus de bailarinos, investido por técnicas corporais específicas e que se realizam através de regras interiorizadas. Metodologicamente, a investigação comporta o mapeamento da dança em São Luís, orientado pelo processo de classificação referido pelos interlocutores, definido a partir dos estilos de dança adotados por cada uma delas, especificando por escolas, grupos e companhias. Dois grupos foram selecionados para o aprofundamento da pesquisa, em razão das diferenças de estilos e das relações entre bailarinos e organização dos grupos. São duas experiências que têm possibilitado perceber a dança como um fenômeno simbólico, singularizado em formas de expressão e manifestação de critérios de pertencimento, num contexto de relações complexas. Os interlocutores apontam para a diferenciação social que a integração resulta no campo das instituições de dança, mas recusam uma diferença dos contextos sociais aos quais pertencem. A diversidade de participantes que se permitem vivenciar a prática da dança é fruto das diferentes inserções sociais dos indivíduos. Acredita-se que as transformações corporais, performáticas e comportamentais indicadas pelos pesquisados se realizam em função do processo de incorporação de uma ordem valorativa dos que circulam nos espaços sociais da dança.

5. Augusto Amaral (ESEF/UFPel, Brasil) elipardo(a)terra.com.br e Eliane Pardo (ESEF/UFPel, Brasil) augusto_amaral(a)terra.com.br

“O Corpo Performático do “Piratas de Rua”: diversidade, resistência e mutação”

O objetivo do nosso trabalho é assinalar algumas peculiaridades da técnica e dos processos de criação das coreografias, o método utilizado pelos bailarinos mais experientes para ensinar os novatos, bem como, analisar o contexto social onde está inserido o grupo de dança de rua Piratas de Rua, legítimo representante do movimento Hip-Hop na cidade de Pelotas/RS. A pesquisa está focada nos corpos dos breakers, onde estão inscritos os valores, representações e percepções da realidade suburbana, os signos de uma visualidade sustentada pela vitalidade, pela resistência e pela capacidade de transformação da realidade. Este trabalho impõe, em certa medida, uma reformulação epistemológica no que tange a relação sujeito e objeto de pesquisa, na medida em que propomos a constituição do objeto em conjunto com o sujeito. Em outros termos, defendemos um conhecimento que considere, em suas análises, as implicações do conjunto de crenças e valores do pesquisador sobre as descobertas e explicações científicas. Esta necessidade metodologia parte de uma questão concreta: os pesquisadores acumulam funções específicas junto ao grupo de dança de rua, exercendo forte influência sobre suas práticas e seu destino.

6. Carla Silva de Avila UFPEL- Pelotas/ RS/ Brasil) sociocarla(a)gmail.com "

Beleza e Encantamento Negro: Estudo sobre afirmação étnica por intermédio do corpo na ONG Odara / Pelotas- RS"

O presente trabalho atenta-se para o processo de afirmação étnica por intermédio da dança, na ONG Odara, necessitando com isso entender como este corpo negro é percebido, ou seja, problematiza-se as idéias de beleza e de encantamento contidas na denominação Odara bem como a resistência que pauta a relação com o branco. O Odara é uma ONG que utiliza a dança-afro e a percussão como meios de trabalhar a temática das relações étnico-raciais entre jovens de vários bairros da cidade. A etnografia foi realizada durante o ano de 2005 através da inserção no dia-a-dia do grupo, nesse processo percebeu-se que é no preparo do corpo o grupo faz referencia ao histórico de lutas do negro, salientando um outro olhar de resistência a uma dominação branca que norteia as relações raciais brasileira. A dor sentida no corpo provocada por determinado exercício é remetida à dor sentida pelos escravos. Na construção de um belo trabalho coreográfico esta a positivação de ser negro. Desconstruir a conotação de inferioridade que fora socialmente introjetada a partir da associação às suas características fenótipas. Ao subir no palco o negro passa a ser protagonista, pois com um jeito Odaresco, mostra-se toda beleza traduzida no movimentar de um corpo através de elementos da africanidade. Através da linguagem corporal, são feitas analogias à luta étnica, construindo assim, um arsenal de elementos para uma identificação com a etnia negra, através da beleza e da resistência. O corpo se constitui como patrimônio cultural do negro, pois é por intermédio deste corpo que o negro se insere no contexto brasileiro, sendo coisificado e explorado pela escravidão. E é também por meio dele que o negro produz sua resistência cultural e simbólica, pelo movimentar deste corpo remete-se a uma tradição construída na sua história, reinventando assim elementos de sua identidade afrobrasileira.

7. Scott Head (University of Texas at Austin, E.U.A.) dozeanos(a)gmail.com

“Vislumbrando a ‘alma’ do movimento: Implicações etnográficas do corpo performático”

Se códigos culturais são inscritos no corpo, e se não existe um corpo pré-cultural, poderíamos dizer que o corpo é ‘escrito’ pela cultura: suas ações tenderiam então a seguir um roteiro culturalmente predeterminado. Ou, seria justamente o contrário: os corpos ‘escrevem’ aquilo que nós chamamos de cultura através de seus atos, e os ‘códigos’ culturais são nada mais nem menos do que as fixações destes corpos em movimento – as páginas já escritas de um texto ainda em andamento, sujeito a modificações constantes? No presente trabalho, pretende-se elaborar a relevância desta ‘dupla visão’ paradoxal, para a interpretação antropológica e a representação etnográfica. Toma-se como exemplo etnográfico a prática da Capoeira Angola, em que os corpos que brincam de lutar nesta luta disfarçada de dança não só realizam códigos culturais existentes, mas também questionam e transformam tais códigos através do próprio processo performático. Através da análise da poética dos movimentos treinados e gestos improvisados, nesta arte luta lúdica e jogo ritualizado, procura-se dar ‘corpo’ a seguinte distinção: Enquanto os códigos culturais que se escrevem nos corpos são capazes de ser decifrados e/ou explicados, os atos performáticos do corpo que ‘escreve’ requerem uma abordagem que se desdobra através da implicação etnográfica de sentidos e afetos ainda não definidos, mas igualmente centrais a uma compreensão antropológica do nexo entre corpo e cultura.

Tema c): prácticas/culturas juveniles

8. Carolina de Camargo Abreu (PPGAS, Universidade de São Paulo, Brasil) caroldca(a)usp.br

“A “vibe” das raves: uma experiência coletiva criada pela dança”

A partir da idéia de “vibe” articulada nas festas raves, esse paper considera como a performance da dança coletiva - nos termos definidos pelos trabalhos de Victor Turner (1982, 1987) e Richard Schechner (1985, 1988) - dramatiza e cria uma forte identificação entre os presentes. Observa como, motivada pela música eletrônica e o estímulo de psicoativos, especialmente o ecstasy, a dança, no espaço da festa, “bomba a energia” que constrói e sustenta a “vibe”, uma “forte conexão entre os presentes”. Nesse caminho, admite a dança como a técnica corporal (Marcel Mauss, 1950), privilegiada pela forma de festejar rave, na alteração da natureza e dinâmica das interações subjetivas e na criação de uma experiência coletiva que é compartilhada. Tais reflexões surgem do trabalho de campo realizado em raves nos anos de 2002 e 2003, e voltam-se para o reconhecimento da dança como prática de sentido, técnica de comunicação e criação, tal como sugerido pelas noções enunciadas pelos ravers.

9. Taniele Cristina Rui (UNICAMP, Brasil), tanielerui(a)yahoo.com.br

“Corpos Dóceis, indóceis: corporalidade, marcadores sociais e usos de drogas”

Minha exposição pretende discorrer acerca de uma das problemáticas da minha dissertação de mestrado, a saber, a instigante relação entre a materialidade dos corpos e os aspectos simbólicos presentes no consumo de “drogas”. De tão instigante, esta relação tornou-se tema central da minha pesquisa de doutorado, cujo título se encontra acima. Busquei – e busco – percorrer diferentes contextos de usos de “drogas” (no meio universitário, entre moradores de rua e em uma clínica de recuperação de “drogas”) com o intuito de mostrar diferentes concepções, práticas e envolvimento com estas substâncias. Ao longo desse trajeto, diferentes códigos corporais foram acionados. Para este GT, a minha proposta é trazer esses “dados” etnográficos com o intuito de discuti-los à luz dos trabalhos contemporâneos sobre corpo (entre eles, destaca-se a abordagem do embodiment proposta por Csordas) e com o firme propósito de buscar uma via analítica em antropologia capaz de fazer categorias como “corpo” e contexto social”ganharem força explicativa para a questão das “drogas” na contemporaneidade.

10. José Rodrigo Saldanha (PPGAS – UFRGS) jrsalbr(a)yahoo.com.br

"Skate, Corpos e Espaço"

A presente monografia tem como enfoque principal à relação entre condicionamento corporal, elementos sócio-culturais formadores de coletividade e ocupação sócio-espacial no meio urbano de Porto Alegre e região metropolitana. Através da prática de pesquisa de campo entre skatistas em seus locais de prática do skate, buscouse investigar os processos de constituição da identidade de skatista, o ethos skatista. Buscou-se ainda identificar os elementos culturais constituídos no andar de skate enquanto elementos atuantes no processo de ocupação sócio-espacial dos skatistas no espaço urbano, evidenciando as relações entre as incorporações de práticas nos corpos dos skatistas, e as configurações realizadas por estes nos espaços utilizados para a prática do skate na cidade.

DÍA 25 DE JULIO

Tema d): cuerpo, género e identidades

11. Ileana Wenetz (ESEF-UFRGS, Brasil) ilewenetz(a)gmail.com

"O gênero na escola: uma etnografia no universo das brincadeiras do recreio"

Este estudo foi desenvolvido a partir dos Estudos Culturais e de Gênero que se aproximam do pós-estruturalismo de Michel Foucault. Através da etnografia (um ano de observação participante e entrevistas com 58 crianças) realizada no recreio escolar e focalizada em turmas de segunda e terceira série do ensino fundamental de uma escola pública de Porto Alegre, busquei entender como são atribuídos significados de gênero e de sexualidade que constroem diferentes maneiras de ser menino e de ser menina nas brincadeiras do recreio escolar. Analisei como as aprendizagens corporais são especificas, diferenciadas e construídas de diversos modos de ser feminina e de ser masculino. Argumento que no espaço do recreio acontece uma aprendizagem não-oficial, através da qual crianças aprendem a ser meninos e meninas. Neste contexto, existe uma ocupação, imposição, negociação ou recriação dos próprios espaços e das brincadeiras; existe também uma ordem não-oficial e divisões de gênero e de geração. Observei, ainda, que na construção da sexualidade na escola, apesar da existência da norma da heterossexualidade, encontra-se também presente a homossexualidade.

12. Emanuela Patrícia de Oliveira (PPGAS, Unicamp, Estado de São Paulo, Brasil) emanueladeoliveira(a)yahoo.com.br

"Cursos para empregadas domésticas: modelando pessoas, corpos e gênero" I

ntrodução: Esta pesquisa se centra em uma análise acerca de cursos oferecidos, por empresas, para empregadas domésticas. Se apresentando em torno de objetivos de qualificação profissional, tais cursos se fundamentam na construção de uma categoria específica de empregada doméstica, fazendo, para tanto, uso de estratégias que visam modelar a mesma enquanto pessoa, corpo e gênero. Descrição dos materiais e métodos utilizados: A reflexão se estrutura em um levantamento de dados e conteúdos programáticos disponibilizados on line por empresas que elaboram e oferecem cursos para empregadas domésticas na cidade de São Paulo. Além disso, foi realizada uma pesquisa de campo, composta por observação participante e realização de entrevistas, junto a uma destas instituições. Síntese dos resultados: Enfatizando mudanças e novas exigências do mercado, os cursos anunciam alterações na configuração da relação de trabalho doméstico. Defendendo a necessidade de uma postura profissional da empregada doméstica, os propósitos das aulas versam sobre maneiras que promovam uma plena “adaptação” da trabalhadora ao seu ambiente de trabalho, o que engloba aulas de etiqueta, de boas maneiras, de higiene, de apresentação pessoal, entre outras. Conclusões: Invocando aspectos relativos ao profissionalismo das trabalhadoras, na prática os cursos visam construir uma categoria de empregadas determinada a partir de interesses dos empregadores domésticos. Neste sentido, busca-se modelar as empregadas sobretudo por meio da inscrição cultural de significados a sua condição de pessoa, corpo e gênero, sendo tais atribuições por sua vez atreladas a referências específicas de classe social, de limpeza e de moralidade.

13. Juciana Sampaio e Renato Silva (Universidade Federal do Maranhão, UFMA, Brasil) jucianasampaio(a)gmail.com

"DINÂMICAS DE FABRICAÇÃO DO GÊNERO: Um olhar sobre algumas travestis em São Luís, Maranhão"

Os estudos de gênero muito têm a enriquecer ao abordar a experiência de gêneros que fujam do pólo normatizado masculino/feminino. O grupo das travestis nos oferece elementos para o questionamento de “verdades” com relação aos papéis sócio-sexuais, pois desafiam a inteligibilidade de gênero sustentada pela continuidade entre sexo/gênero/desejo/prática sexual (BUTLER, 2003). Neste sentido, procuramos visualizar em que a experiência das travestis nos possibilita pensar em termos de conservação ou inovação dos papéis de gênero legítimos (masculino e feminino) em que a heterossexualidade compulsória se assenta, matriz esta que exclui todas as outras experiências gendradas.. Para percebermos estas questões, utilizamos a técnica de recolhimento de histórias de vida de travestis maranhenses, a fim de usar suas próprias representações como base para qualquer afirmação, focalizando em suas falas: técnicas corporais, expressão de sentimentos, produção simbólica do corpo, conformação de uma sensibilidade compatível com seu papel de gênero, etc. O referencial teórico utilizado nesta pesquisa foi BUTLER (2003), LE BRETON (2003), LOURO (2004), MALUF (1999), SILVA (1996), DEBERT (1986), GEERTZ (1989), MAUSS (2003) entre outros. Com as falas destes sujeitos, percebemos que o “ser travestir” é um processo que nunca se encerra, elas estão em um constante devir, onde o tornar-se é sempre adiado. Outro aspecto importante são as relações de solidariedade mantidas entre as travestis, onde circulam inúmeras informações sobre o processo de montagem, ou seja, truques e dicas que ajudam na transformação de seus corpos e de técnicas corporais.

14. Carlos Eduardo Henning (PPGAS/UFSC, Brasil) http://caduhenning.blogspot.com/, otipodoguri(a)gmail.com

"Vestuário como forma social de distinção identitária"

Este trabalho procura levantar algumas possibilidades de análise de práticas sociais distintivas entre sujeitos que circulam por um território de sociabilidades homossexuais do centro histórico de Florianópolis através do estudo do vestuário, este percebido como elemento de subjetivação, de vinculação identitária a grupos sociais determinados, e como forma tática de distinção social. Este paper não é resultado diretamente de uma pesquisa de campo já efetuada, (mas da preparação de uma pesquisa etnográfica), portanto, ele tratará centralmente do levantamento de algumas possibilidades metodológicas de análise das marcações sociais da diferença através da captação e do estudo do registro visual (pensado inicialmente como registro fotográfico) da relação do vestuário e de ornamentos como sapatos, óculos, chapéus, bonés, etc. e de seus usos ‘no corpo’, auxiliando a criá-lo marcado por gênero, classe social, geração, sexualidade, etc. Desta forma, este trabalho se vincula à tradição maussiana dos estudos dos ‘usos instrumentais’ do corpo, considerando este como campo fértil para as marcações da cultura.

15. Magda Fernanda Medeiros Fernandes (Universidade Federal de Pernambuco-UFPE- Recife-PE-Brasil) magdafernandes(a)mec.gov.br

"É possível falar em sexualidade virtual"

A crescente utilização da Internet como ponto de encontro para conversas, romances ou sexo, tem incorporado novas formas de sociabilidade que passam pela redução dos contatos face-a-face e da mobilidade física, ao mesmo tempo em que exige nova forma de corporeidade no ambiente virtual. Desta forma, este estudo versa sobre a sexualidade a partir do uso da comunicação mediada por computador e tem por finalidade tratar aspectos concernentes às expressões de sexualidade que habitam o ciberespaço, problematizando as relações de gênero, sexo e desejo, no tocante aos discursos, processamentos e configurações dos relacionamentos. Argumenta-se que o ambiente virtual potencializa a subversão das relações de gênero e poder, uma vez que permite possibilidades performáticas do corpo e sexo no ambiente tecnológico, amplia o entendimento das práticas eróticas enquanto livres expressões da sexualidade, contesta os regimes reguladores que consolidam e naturalizam as relações de opressão e dominação entre os sexos. Para tanto, utilizaram-se técnicas e procedimentos etnográficos, tendo como foco empírico os chats, salões de bate-papo, na Internet. Pretende-se com esta investigação no espaço virtual contribuir para o enriquecimento da reflexão sobre a sociedade contemporânea, visto que o espaço virtual (ciberespaço) pode ser compreendido como uma esfera constituinte da mesma. E, ao mesmo tempo, dialogar com as propostas teóricas que estabelecem critica as categorias universais e unitárias e aos modelos de dominação/sujeição, vislumbrando possibilidade de mudanças, particularmente nas relações de gênero.

Tema e): Cuerpo y prácticas médicas

16. Silvana de Souza Nascimento (Universidade de São Paulo, Coordenadora de Educação em Gênero do Instituto Consulado da Mulher, em São Paulo, Brasil) silnasc(a)usp.br

"Dilemas do corpo - Notas sobre reprodução e laqueadura em Goiás"

O texto problematiza alguns dilemas a respeito de convenções culturais relacionadas à reprodução, controle da natalidade e corporalidade em determinadas regiões rurais do estado de Goiás, que incluem os municípios de Mossâmedes, Itaberaí, Sanclerlândia, entre outros. Nesta região, grande parte das mulheres, casadas e com dois filhos, optam por realizar a laqueadura ainda jovens e têm construído novas alternativas para formas de trabalho e ocupação para além do espaço doméstico. A esterilização, disseminada na década de 1980 em todo o país como uma política pública de controle de natalidade e, posteriomente, vista como um problema de saúde pública, foi apropriada por mulheres goianas que transmitem esta forma de contracepção para as novas gerações, tornando-se quase um método “tradicional”. Esta apropriação nos leva a pensar na idéia de corpo como máquina e espécie, entre a cultura e a natureza, que precisa ser controlado e regulamentado pelos saberes-poderes médicos mas legitimados pelas próprias mulheres.

17. Joselito Santos (UFRN) jslito(a)yahoo.com.br, Tatiana Vasconcelos (UFRN) gico(a)digi.com.br, Vânia Vasconcelos (UFPB)

"Corpos do adoecimento e as exigências sociais"

O corpo recebe uma série de impressões sociais que o demarcam, o transformam e o (re)significam incessantemente, de tal modo que nos leva a refletir sobre suas potencialidades e seus limites. Ao cabo das transformações que o afetam, o corpo remonta a um híbrido bio-social sobre o qual incide uma série de qualificativos que o definem. Essa compreensão pode ser estendida ao adoecimento humano, cuja matriz geradora de sinais e sintomas é o corpo e cujo reflexo de significado é a sociedade através da qual adquire sentido. No convívio com mulheres paraibanas com câncer de mama observamos que a doença, enquanto um dado biológico e corpóreo, por si só não se explicaria sem que se considerasse as sucessivas aproximações e afastamentos que ocorrem entre os indivíduos que a experienciam e a explicam. O corpo, a partir dos afetamentos gerados pela doença, escapa a essa realidade inicial e se difunde material e subjetivamente nos demais corpos sociais e toma vulto extraordinário no cotidiano da vida social por meio da qual são gerados conhecimentos híbridos do saber biomédico e leigo. A partir da confluência de significados sobre o corpo que ambos os saberes expressam, ocorre a busca de certos ajustes e de novas técnicas corporais até então não planejadas para o cotidiano vivido antes da doença. São desenvolvidas novas estratégias para o movimento do corpo por razão de existir uma fonte inesgotável de desejos correspondente àquela do mundo feminino e das exigências sociais mais amplas. Ao afetar a mulher, a doença provoca uma revolução em seu mundo, que assume uma nova perspectiva. A partir dela, o corpo se adensa numa infindável trama de significação social pela qual a mulher media sua relação consigo, com seu corpo e com outros corpos sociais dando novos contornos ao seu processo de adoecimento e a sua vida.

18. Andréia Aparecida Ferreira Lopes (IFCH – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS-UNICAMP, Brasil) aaflopes(a)unicamp.br, andreia-f(a)uol.com.br

"Voltar-se para si: Corpo e mente na educação para os cuidados com a diabetes"

Este trabalho problematiza as condições de objetivação e de subjetivação da corporalidade ao longo do processo de constituição da identidade diabética a partir da corporificação de saberes e práticas da biomedicina. Ao lado da perspectiva do corpo parcial da biomedicina, o texto explora a importância que toma a abordagem psicossomática nos cuidados que o diabético deve ter com respeito ao controle dos índices fisiológicos. Procura considerar as formas de apropriação destas práticas e saberes através das experiências com a diabetes, discutindo o lugar que a emoção toma no engajamento do corpo como self. Esta análise baseia-se na pesquisa de campo em andamento em uma associação filantrópica de assistência a diabéticos na cidade de São Paulo, Brasil. São consideradas as atividades semanais e continuadas de cunho educativo acerca dos cuidados com a diabetes, as quais têm o objetivo de promover um melhor controle da doença pelo próprio diabético, conforme sua familiarização com hábitos de vida saudáveis. O grupo se compõe de cerca de 20 associados, sobretudo de mulheres, cuja faixa etária varia entre 48 e 80 anos. A partir de uma metodologia qualitativa, e tomando a corporificação (embodiment) como paradigma de análise, o trabalho explora o modo como as atividades desenvolvidas nos grupos circunscrevem um self mais consciente de sua dimensão emocional. A “aceitação da diabetes” implica a objetivação da diabetes, proporcionando um maior controle do corpo. Paralelamente, a busca pela subjetivação da diabetes responde ao reconhecimento pela biomedicina da relação que a variação da glicemia mantém com aspectos emocionais da vida cotidiana. Assim, no trabalho dos grupos são considerados diversos aspectos acerca da história de vida, relações familiares e modos de ser, como parte de uma estratégia para levar a atenção do diabético sobre si, de modo a tornar-se capaz de interferir no processo emocional-físico que caracteriza a corporalidade diabética.

19. Thaïs Machado Borges (Instituto de Estudos Latino-Americanos, Universidade de Estocolmo, Suécia) machado_t(a)lai.su.se

"Classe média, cirurgias estéticas e os "verdadeiros" perigos da vida"

Em 2003, mais de meio milhão de pessoas se submeteram a algum tipo de operação plástica no Brasil. Mais da metade dessas intervenções foi de caráter estético. Cirurgias cosméticas, seus riscos e exageros são motivos de debates e polêmicas globais. Este trabalho examina como brasileiros de classe média discutem e praticam cirurgias cosméticas. Argumenta-se que dentro do contexto de desigualdade social e de constante insegurança que caracteriza a sociedade brasileira contemporânea, as outramente arriscadas operações cosméticas passam a serem vistas como práticas de baixo risco e como modo de esculpir corpos de forma a dar-lhes um aspecto rico, moderno e consequentemente diferente de outros corpos e pessoas considerados como potencialmente perigosos.

DÍA 26 DE JULIO

Tema f): El cuerpo en la comunidad sorda:

20. Ana Luisa Borba Gediel e Ceres Gomes Victora (NUPACS, UFRGS, Brasil)

"Sinais do corpo – Sinais com o corpo – sinais através do corpo"

O presente trabalho tem o objetivo apresentar e problematizar as formas de utilização do corpo como expressão e comunicação dos surdos que participam da Sociedade dos Surdos do Rio Grande do Sul. Para tanto, usarei a metodologia qualitativa, de orientação etnográfica, através de instrumentos de coleta de dados como a observação participante, entrevistas, coleta de histórias de vida dos membros da Comunidade Surda, e suas redes sociais. Os movimentos corporais, e suas sutilizas, são experienciadas pelos surdos, através de uma linguagem transmitida pela sincronia de gestos das mãos e expressões faciais e corporais, provoca uma reflexão sobre as formas de ser no mundo. Esta linguagem é transmitida por meio gestual-visual. Além da comunicação, estes têm a possibilidade de evidenciar uma série de noções de mundo, as quais podem estar ligadas à própria reação física do corpo, ou a utilização das maneiras que são transmitidas por outros códigos não tão evidentes. As relações intergrupais e intragrupais, bem como a realidade da vida cotidiana desse grupo são corporificadas, dando outros sentidos nas esferas da família, política, sexualidade, religião, escola, trabalho e lazer. Trata-se de uma pesquisa que está em andamento, cujos resultados irão compor a tese de doutorado em Antropologia Social.

21. Fabiola Heredia (Museo de Antropología, Facultad de Filosofía y Humanidades Universidad Nacional de Córdoba, Argentina) fabiolalheredia(a)hotmail.com

“La cultura sorda es así, lo siento...”: los usos del cuerpo en la comunidad sorda

El conocimiento de la “comunidad sorda” como comunidad lingüístico-cultural minoritaria diferenciada a partir de “los sentimientos de identidad grupal, del dominio de la Lengua de Señas y de la aceptación de la diferencia como diferencia y no como deficiencia” (Massone, 1992) depende de la posibilidad de construir aproximaciones socio-antropológicas de la misma, que a su vez deconstruyan percepciones asociadas estrictamente con la idea de discapacidad consolidada por el modelo médico. En la idea de comunidad sorda se refuerzan no sólo los valores compartidos, si no además la diferencia con los “oyentes”. Esa diferencia va más allá del acto de “oir” o no hacerlo, refiere también a los usos de la gestualidad, donde el oyente es considerado como “caballo” por “no poder ver más allá de donde comienza a oir” y como una “madera” por no mover su cuerpo”. En las relaciones interpersonales el cuerpo para las personas sordas está presente con una connotación más allá de lo lingüístico, incluso si bien implica la copresencialidad de las personas, después del encuentro, desde lo corporal se recuerda e incluso se construyen las imágenes oníricas. El cuerpo permite también “encarnar” las reglas sociales (performance) y el espacio identitario que rigen la cotidianeidad de las personas sordas. Claro que estos usos, entre otros, también están presentes en el mundo oyente, pero cuando el cuerpo está dispuesto, puesto y expuesto para dar sentido a las relaciones sociales en forma casi exclusiva, entonces se convierten sus usos en diferenciadores comunitarios. ¿Cómo es el uso del cuerpo en el “mundo sordo”?, ¿Qué sentido tiene para las personas sordas el cuerpo

Tema g): EI cuerpo en las sociedades indígenas

22. Jakeline de Souza (PPGAS, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil) jsouza(a)inpa.gov.br

"Corpo e etnologia: a produção social de corpos indígenas; o sujeito indígena através de seu corpo"

Tendo por preocupação principal discutir as implicações epistemológicas e metodológicas que diferentes orientações teóricas dos estudos antropológicos do corpo e corporalidade têm apresentado para os estudos da etnologia indígena -- desde a herança teórica das aulas de Marcel Mauss até as contemporâneas tentativas de superação de paradigmas dicotômicos para os estudos do corpo --, empenho-me em provocar uma reflexão sobre limites e possibilidades de análise e interpretação que tais epistémes e métodos apresentam para a etnologia das Terras Baixas da América do Sul partindo de três diferentes abordagens, a saber: o corpo indígena produzido e fabricado socialmente; o corpo como um lugar de agência dos sujeitos sociais indígenas; e o corpo como sujeito da vida social indígena, dos processos ontogênicos que constituem a vida em sociedade.

23. Mariana Daniela Gómez (CONICET-UBA, Argentina) gomin19(a)yahoo.com

"Entre sendas y caminos: las formas de involucramiento con el monte que practican las mujeres tobas"

El trabajo a desarrollarse integrará una reflexión sobre el uso, la percepción y lo que hemos denominado diversas “formas de involucramiento” con el espacio territorial y sus “lugares”, que practican actualmente las mujeres tobas del oeste de Formosa, una provincia situada al noroeste de la Argentina. Durante dos años, acompañamos al monte a las mujeres de distintos grupos domésticos y de diferentes comunidades tobas, con el objetivo de realizar una investigación participativa sobre las problemáticas socio-territoriales presentes en las comunidades tobas, pero enfocadas y visualizadas desde una mirada femenina. Dicha investigación estuvo enmarcada en un proyecto mayor orientado hacia el apoyo y fortalecimiento de los derechos territoriales de los indígenas de esa zona. En este trabajo, mi interés se cifra en discutir precisamente los vínculos entre los conocimientos femeninos en torno al monte y el cuerpo como portador dinámico de un conocimiento social in-corporado, producto de formas específicas de circulación y transmisión de saberes dentro de una cultura. Entiendo, a partir de lo revelado, observado y compartido con las mujeres tobas, que el conocimiento que una mujer tiene sobre el monte y el territorio, está muy vinculado a los vaivenes y vicisitudes de su historia personal y familiar, y al hecho de haber sido socializada en ciertos lugares, más allá del espacio doméstico. El desplazamiento hacia los lugares montaraces y extra-domésticos se realiza a través de una red de sendas y caminos. Asimismo, y según criterios generacionales, estos lugares guardan especial significación para la reproducción material y simbólica de algunas familias tobas. La apropiación del monte que realizan las mujeres refleja, por un lado, la dinámica de las relaciones de parentesco (divisiones espaciales en el uso del territorio que reflejan las divisiones sociales), y por el otro, las relaciones y conflictos de género (puesto que las mujeres, a diferencia de los hombres, no salen nunca solas al monte, sino acompañándose entre ellas para hacer frente a los diversos peligros que puedan presentarse). Pero la apropiación del monte, y el tránsito por el territorio actual, se produce a partir de un “conocimiento práctico”, el cual se “aprehende” por medio de un involucramiento “corporal” con aquellos lugares que el saber y la experiencia colectiva reconoce como significativos. En última instancia, acabaré por preguntarme cuán operativo es el concepto de “habitus” desarrollado por Bourdieu, para teorizar sobre los conocimientos de la vida cotidiana que no están objetivados, sino incorporados, y cuales podrían ser las dificultades de la antropología para captar, describir, visualizar y referirse a otros repertorios y canales para conocer y moldear las experiencias históricas, sin caer en la reificación y cosificación cultural de las mismas.

24. Darío Soich (CONICET-UBA, Argentina) info(a)dspickups.com.ar

"Percepciones y prácticas corporales: la resistencia física y el vigor corporal entre los grupos Mocoví del Chaco Austral"

El objetivo general de esta ponencia es problematizar la dimensión corporal en contextos rurales de dominación, subordinación e insubordinación capitalista. En particular, analizaremos el caso de los grupos mocoví del chaco austral soslayando las implicancias político-culturales que adquieren las percepciones de resistencia física y vigor corporal como andamiajes en la legitimación de la explotación capitalista, por un lado, y la construcción de lo que daremos en llamar bio-resistencias, por el otro. Problematizar las modalidades del capitalismo chaqueño (obrajes, cosechas estacionales, ingenios, producción de ladrillos y carbón) en tanto procesos totalizantes, supone concebir la corporalidad como una instancia activa siempre unida a su medio físico y derivada de un conjunto disponible de habilidades y técnicas culturales (en este caso, esquemas perceptivos en particular), que el cuerpo adopta y usa. Así, el cuerpo perceptor es visto como un agente de praxis cultural e, inversamente, la praxis cultural es analizada como el trabajo de un cuerpo-sujeto activo. A partir de esta instancia conceptual y metodológica, proponemos ir más allá de los análisis estructurales que enfatizan la subsunción del trabajo al capital para también involucrar el conjunto de prácticas y percepciones corporales que han participado (y participan) activa y contradictoriamente en la construcción de la hegemonía capitalista. Y decimos contradictoriamente pues dicho proceso no ha sido unívoco ni monológico, sino más bien ambivalente y multifacético. En efecto, intentaremos mostrar cómo algunas técnicas corporales crean las condiciones de emergencia de prácticas heterogéneas -bio-resistencias- de carácter creativo aunque rápidamente encausadas al régimen de dominación rural. Así, los valores culturales mocoví atribuidos a la resistencia física y el vigor corporal suponen tanto un criterio autoreferencial para la concreción de prácticas anti-disciplinarias (Soich 2003, 2004), como una “profecía” autocumplida de sobreexplotación de la fuerza de trabajo indígena. Para la concreción de este trabajo, se han relevado diversas técnicas corporales de carácter cotidiano al igual que múltiples entrevistas abiertas y semi-estructuradas durante sucesivos trabajos de campo.

25. Nadia Heusi Silveira (PPGAS/UFSC, Programa Kaiowá/Guarani no NEPPI/UCDB) nheusi(a)yahoo.com.br

"Performance e corporalidade: Alguns pressupostos sobre o comer entre os kaiowá-guarani"

O ensaio explora a produção de sensibilidades corporais em situações de performance. Essa reflexão servirá de base para uma pesquisa entre os Kaiowá-Guarani que pretende entender o papel da comida na produção do corpo, nas relações sociais e na relação com o ambiente físico. Este texto trata da transmissão de conhecimentos culturais para o corpo em situações de performance seguindo as idéias de Richard Bauman, que define performance como um modo de comunicação essencialmente dinâmico. Deste ponto de vista, o que torna um evento de performance significativo – uma experiência em relevo – são as qualidades sensíveis estabelecidas por seus aspectos de metacomunicação, quais sejam, o uso de gestual, técnicas corporais, linguagem figurada, arcaísmos, paralelismos na expressão verbal, entonação, entre outros. A força performativa atua no corpo, resultando numa sensação imediata que confirma ou não o êxito da ação. A ênfase no caráter relacional do evento performático, assim como no efeito estético produzido na interação, são os aspectos relevantes da teoria de Bauman para a reflexão proposta. Comentarei sobre aspectos sensíveis da performance relacionados às pinturas corporais e aos cantos e músicas, temas bem explorados em etnografias sobre povos ameríndios, desenvolvendo a hipótese de que a comensalidade pode ser também pensada dessa forma.

26. Valéria S. de Assis (Universidade Estadual de Maringá, UEM, Brasil) valeria.assis(a)terra.com.br

"Corpos e objetos: a compreensão da produção da pessoa e do gênero entre os Mbyá-Guarani"

A relação entre corpo, pessoa e sociabilidade para os Mbyá é semelhante às percebidas e estudadas para outros grupos ameríndios (Seeger, Da Matta e Viveiros de Castro, 1987). A compreensão da pessoa acontece a partir da sua participação na ampla rede de relações (que engloba seres humanos, sobrenaturais, ambientais e artefatuais). A identidade pessoal – expressa na relação com o outro – se dá através da produção e dos cuidados do corpo. Na produção da pessoa Mbyá encontra-se o princípio do mborayu/reciprocidade e da articulação dos objetos. Enfocando a relação corpo, pessoa e gênero, busca-se evidenciar por meio de quais premissas, valores e ações sociais os objetos atuam e revelam a reciprocidade como o processo marcante da sociabilidade. Como afirmou Lagrou (2003, p.101), "interessa ver o que estes objetos e seus variados usos nos ensinam sobre as interações humanas e a projeção da sua socialidade sobre o mundo envolvente; é na sua relação com seres e corpos humanos que máscaras, ídolos, banquinhos, pinturas, adornos plumários e pulseiras têm de ser compreendidas". Uma sociabilidade com características que se filiam – dentro das classificações que examinam as premissas da relação com a alteridade dos sistemas sociais ameríndios propostas por Viveiros de Castro (1993) – ao modelo tipicamente amazônico, pautado num regime concêntrico e gradual (Ibid., p. 171). Neste sentido, serão abordados os temas da concepção e nascimento da pessoa, a onomástica, as significações e complementaridades de gênero.

27. Yanina Mennelli (U.N.R. - CONICET, Argentina) yaninamennelli(a)hotmail.com

"Cuerpos que importan: “mujer” y “hombre” en la performance de contrapunto de coplas en el contexto del carnaval humahuaqueño"

El objetivo del presente trabajo es indagar las configuraciones de género -femenino y masculino- a partir de las figuraciones -o representaciones discursivas- de “mujer” y “hombre” que emergen en la performance del “contrapunto de coplas” entre cantores de distinto “sexo” en el carnaval humahuaqueño. En este sentido, se propone un abordaje de dichas figuraciones performativas en tanto instituciones legitimadas y legitimantes, en el contexto del carnaval de cuadrillas humahuaqueño (Jujuy, Argentina), en el cual se propician las relaciones sexuales heterosexuales. Por lo tanto, el cruce propuesto para la presente ponencia comienza en la palabra cantada -las coplas- en tanto la misma se “corporiza” e interviene como un elemento clave en la conformación identitaria de los hombres y las mujeres en el carnaval humahuaqueño. De manera general, se menciona que el “carnaval de cuadrillas” nombra un tipo de agrupación que conforma el carnaval de la ciudad de Humahuaca, cuyas características más relevantes son: estar integrada mayoritariamente por kollas (pueblo constituido por descendientes de las comunidades originarias que habitaban en el territorio que actualmente corresponde al noroeste argentino y de inmigraciones posteriores de quechuas y aymarás) y la ejecución del canto de coplas con cajas y del contrapunto como performance centrales; siendo el contrapunto de coplas una práctica lúdica verbal y corporal caracterizada por la improvisación y objeto del presente análisis.

Tema h): Cuerpo y religión

28. João Rickli (Free University – Amsterdam, Holanda) JF.Rickli(a)fsw.vu.nl

"Missão e desenvolvimento à luz da antropologia do corpo"

O presente trabalho trata da corporalidade como parte das iniciativas missionárias e de desenvolvimento social, partindo de pesquisa realizada na rede estabelecida em torno de uma agência protestante holandesa de missão e desenvolvimento – Kerkinactie – e alguns dos projetos por ela apoiados no Brasil. O texto a ser apresentado enfoca principalmente 3 aspectos: o corpo como metáfora, as representações do corpo em jogo na empresa missionária e modernizadora e a construção social dos corpos de missionários e agentes europeus de desenvolvimento. Na análise do primeiro aspecto, busco compreender como o corpo aparece nos ritos e textos da organização na Holanda como metáfora da coesão de um determinado grupo, e problematizo a expressão corporal do jogo identidade/diferença posta em movimento pelo uso desta metáfora. No segundo aspecto, pretendo discutir alguns pontos da antropologia cognitiva (Bloch e D'Andrade) à luz da antropologia do corpo, buscando compreender, por um lado, os esquemas e repertórios que orientam a construção das imagens de corpos belos, saudáveis e salvos a serem produzidos pela missão e pelo desenvolvimento. Por outro lado, pretendo analisar a incorporação desses esquemas e repertórios em diferentes pontos da complexa rede construída em torno da iniciativa missionária de Kerkinactie. Finalmente, analiso o terceiro aspecto mencionado utilizando sobretudo a noção fenomenológica de self como capacidade de orientação no mundo objetivada no corpo (Csordas), bem como a noção de habitus (Bourdieu). Ao abordar os missionários e agentes de desenvolvimento a partir de seus corpos, procuro problematizar e desnaturalizar o binônimo Ocidente/mentalidade versus não-Ocidente/ corporalidade.

29. Lena Tosta (PPGAS/Universidade de Brasília) lena(a)etnofoco.com

"Sobre Práticas e Performances Trickster"

Quero compartilhar experiências etnográficas com os sadhus Satyanand Giri e Maharaj Amar Bharti para pensar narrativas performatizadas e a corporificação de princípios em seus processos singulares de subjetificação advaita (não-dualista). Da mesma linhagem de sadhus shivaitas antinomiais - Dasnami naga e aghori da sociedade Juna Akhara - esses gurus descrevem modos de ser no mundo muito diferentes. No entanto, estes modos de ser diversos conformam-se à transformação ontológica preconizada nos ensinamentos destas linhagem advaitas “radicais”, já que propõem incorporar à experiência do sagrado o contato concreto com “a alteridade” - “o profano”, “o impuro”, “o êxtase”, “a morte” e “o sexo” através de técnicas (Jackson, 1989) como yoga, práticas tântricas, seva, tapas e da construção de relações intersubjetivas particulares. A partir da distinção entre aparência e “aparessência” (Maluf, 2002), busco investigar expressões destas transformações e seus sentidos nas performances no “mundo da vida”. No horizonte do ideal de subjetificação advaita destes sadhus está Dattatreya – guru-mãe e deidade principal da linhagem. Como um Trickster, ele é um herói cultural que reestrutura o cosmos ao destruir um sistema-mundo corrompido, fragmentado, ignorante da unicidade do Real. Exemplo de ser social e epítome da dissidência, a deidade conhece o jogo cósmico (Lila) e, por isto, pode “brincar” com as regras do mundo fenomênico. Os mestres advaitas em estudo emulam sua deidade, não distanciam-se “do mundo”, mas buscam experienciá-lo de maneira diferenciada. A complexidade do “lugar da deidade” das narrativas corporificadas e performatizadas, em que um cotidiano de disciplinas e austeridades se funde a uma forte liberdade de ação na sociedade, não raro é interpretada como uma ambiguidade dos praticantes. Uma análise das práticas e performances trickster propõe uma alternativa às leituras sustentadas nessa ambiguidade.